segunda-feira, 10 de outubro de 2011

CASTRAÇAO: sim ou não?





A castração, ou esterilização, pode ser indicada para :

reduzir riscos de problemas de saúde
tratamentos
diminuir ou extinguir comportamentos indesejáveis
evitar o aparecimento de novas ninhadas

Certamente, cada veterinário tem uma visão sobre este procedimento, e não acho que alguém esteja certo ou errado em indicar ou não indicar a cirurgia de castração eletiva, ou seja, por escolha. Tenho minha opinião e respeito todas as outras.

A castração em fêmeas :

Comportamento :

A cadela tem alterações comportamentais por ocasião do cio, sendo a mais comum a pseudociese (gravidez psicológica). As cadelas que foram esterilizadas não entram no cio, portanto não têm este problema. Fêmeas castradas com temperamento dominante podem ter a dominância exacerbada em função da castração.

Saúde :

A castração em fêmeas é muito mais benéfica para a saúde do que em machos. A cirurgia feita antes do primeiro cio praticamente elimina a possibilidade de tumores de mama (os mais comuns em cadelas). Feita em qualquer idade, a cirurgia elimina a possibilidade de problemas uterinos (entre eles a piometra) e elimina a chance de problemas de parto ou gestação. Costuma trazer aumento de peso, que pode ser controlado pelos donos através de uma dieta equilibrada. Quando a castração é precoce, essa tendência é diminuída. Os efeitos colaterais indesejáveis da castração em fêmeas são : aumento de peso (muito comum); dermatites na região da vulva (pouco comum); problemas de pele (pouco comum) e finalmente incontinência urinária (em raças grandes incidência aproximada de 25 %). A incontinência urinária é mais comum em cadelas castradas, costuma aparecer alguns anos após a cirurgia e ocorre durante a noite e períodos de relaxamento, sendo que durante a vigília a micção é normal. Há duas opções de tratamento por medicamentos, sendo uma delas a reposição do estrógeno. Os resultado do tratamento é excelente, com aproximadamente 80 % das fêmeas curadas.

Para o dono :

As fêmeas castradas não entram no cio, isso significa que não há restrições em leva-las para passear, viajar, e que nunca haverá sangramento pela casa. Quando uma cadela no cio sai na rua os machos, atraídos pelo cheiro, podem trazer situações bem desagradáveis, principalmente quando estão soltos. A fêmea não terá ninhadas indesejáveis, tão comuns, além de não ter a gravidez psicológica e seu quadro comportamental.

Riscos :

Castração de fêmeas exige uma cirurgia mais complexa do que no caso dos machos, sendo necessário abrir o abdômen para retirar útero e ovários. O risco maior durante o ato cirúrgico é a ocorrência de hemorragia, sendo que podem ocorrer complicações pós operatórias também. A competência do cirurgião, a qualidade dos equipamentos e equipe agem para : diminuir o risco a um nível muito baixo, proporcionar um pós-operatório livre de problemas e uma rápida recuperação. Também há um risco básico que é inerente à qualquer procedimento envolvendo anestesia geral. Um animal que nunca apresentou sinais de doença cardíaca pode vir a falecer por parada cardíaca durante a anestesia, mesmo nos procedimentos rápidos.



A castração em machos :



Comportamento :

Quando se trata de um animal doméstico, os instintos resultantes dos hormônios sexuais podem provocar padrões comportamentais indesejáveis, como urinar pelos cantos, ou montar, além de episódios de agressividade por exemplo. Para o cachorro, surge um "cruel" desejo de copular que é frustrado, pela impossibilidade de encontrar fêmeas no cio a toda hora. No cão, esse desejo não é psicológico, mas provocado por hormônios sexuais. Quando não há mais hormônios sexuais, o cão fica mais feliz, pois pode encontrar na sua rotina a satisfação de todas as suas necessidades básicas, como se alimentar, ficar junto ao dono, exercitar-se, dormir, brincar... Portanto eu discordo da absoluta maioria das pessoas, que acha que castrar um cachorro é a maior sacanagem... Pelo contrário, muito pelo contrário !

Alguns estudos mostram que a testosterona tem influência na agressividade. Segundo eles, animais com níveis deste hormônio mais altos são mais agressivos. De forma geral, os machos mordem mais do que as fêmeas, provavelmente por causa da testosterona. Os machos inteiros podem morder quando estão excitados sexualmente e são impedidos de montar. Da mesma forma, quando o macho é castrado (tem seus testículos, produtores da testosterona, retirados cirurgicamente) sua agressividade diminui. A castração não retira o instinto de defesa do território, sendo que o cachorro castrado continua sendo um bom guarda da propriedade onde mora.

Conhecendo vários cachorros machos castrados, a maioria por causa de tumores testiculares, não vejo neles um comportamento preguiçoso ou um caráter diferente daquele observado antes da castração. No meu sítio os dois cachorros são castrados. Meu atual cachorro, o Sampa, teve que ser castrado em função de cripto-orquidismo (um dos testículos não desceu para a bolsa escrotal). Mesmo que não houvesse indicação para a cirurgia, creio que não deixaria de opera-lo ao redor dos seis meses de idade. Nunca nenhum proprietário reclamou de alguma mudança no caráter de seu animal. Pelo contrário, escuto elogios ao cachorro, que está mais "maduro" e "zen". No caso do meu cachorro que vive no sítio, tudo permaneceu exatamente igual, mas nunca mais houve fugas para tentar se acasalar com fêmeas no cio, coisa que acontecia com freqüência, expondo-o a riscos diversos, como de atropelamento, agressão pelas pessoas, brigas sérias com outros machos (que também tinham sentido o cheiro da fêmea no cio...).Uma indicação comum para a castração é o hábito de marcar território com urina de certos machos, que após a cirurgia cessa, em quase todos os cães.



Oito horas após a realização da cirurgia de castração, Sampa recebe o consolo da sua companheira Félis.

Saúde :

Do ponto-de-vista da saúde, a castração terá efeito benéfico ao evitar a hiperplasia de próstata quando a idade avançar, e evitará por completo a ocorrência de tumores em testículo. Existe uma tendência dos animais castrados em ganhar peso. Sobre isso se sabe que : 1. Animais castrados antes da puberdade (cachorros até seis meses de vida) têm esta tendência diminuída. 2. Se houver controle da quantidade de comida este animal não se tornará obeso.



O uso do colar Elizabetano é a única forma de proteger o curativo e promover a cicatrização rapidamente. Após alguma agonia, o animal se acostuma com o colar. É importante não retirar o colar até o momento certo.

Para o dono :

As vantagens irão depender muito de qual o comportamento que o cachorro apresenta. A castração diminui muito os seguintes comportamentos, chegando a acabar com eles na maioria dos casos : montar nas pessoas ou objetos, urinar em pontos da casa para marcar seu território, brigar com outros machos, fugir da casa para encontrar fêmeas no cio. Para os cães que apresentam estes problemas, a castração ajuda muito. Há machos que não dão esse tipo de problema nunca, portanto a indicação para o procedimento é fraca.



Riscos :

É bom lembrar que toda cirurgia acarreta riscos. No caso dos machos, a cirurgia é bem mais simples do que nas fêmeas, tendo um período pós-operatório mais tranqüilo. O risco desta cirurgia relaciona-se basicamente à anestesia que o cão recebe. O ato cirúrgico em si é bastante rápido e seguro.





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